Foi divulgado nesta semana um relatório da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH) que denuncia tentativas de criminalização dos movimentos sociais no Rio Grande do Sul, e faz 28 recomendações a instituições do governo do Estado (entre elas a Brigada Militar) e ao Ministério Público Estadual. São apontados, no relatório, diversos casos que comprovam a prática, como o assassinato do integrante do MST Élton Brum e o fechamento das escolas itinerantes do movimento. A conclusão é de que, desde 2005, a ação repressiva vem em um crescente expressivo. O relatório faz críticas ao governo Yeda Crusius (PSDB), à Brigada Militar e ao Ministério Público Estadual, e pede mudanças.
Onde saiu essa notícia? A Zero Hora e o Correio do Povo não deram uma linha sobre o assunto. A reportagem, da repórter Bianca Costa, foi publicada na Agência Brasil de Fato, e reproduzida pelo site da Revista Fórum. A grande imprensa mais uma vez calou. Mas não sem motivo.
Da mesma forma que MPE, governo estadual e Brigada Militar, os grandes veículos de comunicação fazem parte da estratégia de criminalização dos movimentos sociais. E possuem, nesse sentido, um papel ainda mais atuante do que as outras instituições citadas. Os ataques da grande imprensa são constantes, quase diários, e criam uma atmosfera constante de enfrentamento entre instituições e movimentos sociais e, especialmente, entre estes e a sociedade. Essa tensão entre movimentos e sociedade é mais um agente a impulsionar a violência institucional, e é criada e reforçada pela grande imprensa.
Não tive acesso aos relatórios da SEDH, mas o que a leitura da reportagem dá a entender é que não há referências às ações da imprensa. Se realmente for o caso, é uma falha grave, pois deixa de fora o principal agente repressivo e tira importância da principal arma de repressão e criminalização: a palavra.
Jornalismo B
Alexandre Haubrich
Fonte: DESABAFO BRASIL
Nenhum comentário:
Postar um comentário