sexta-feira, 11 de junho de 2010

Xícaras à moda antiga - Cafeterias premium e indústrias apostam no café coado, em filtro de pano ou de papel






Hábito mantido por gerações, o tradicional cafezinho é líder absoluto na preferência dos brasileiros. Mesmo com a valorização do espresso, a cultura do café coado continua em alta. A última pesquisa sobre Tendências de Consumo de Café encomendada pela Abic, em 2008, mostra que 93% dos apreciadores desta bebida no Brasil costumam tomá-la, depois de filtrá-la em pano ou papel.

Não é só no Brasil que esse método de preparo é um costume secular. Na maioria dos países o café coado é o método de preparo por excelência. No Japão, um dos maiores consumidores da bebida, costuma-se tomá-la coada com as refeições, como faz com o chá. Na Escandinávia, onde cada pessoa toma, em média, o dobro da quantidade de café consumida pelos brasileiros, o que predomina é o café coado.

Por isso, cafeterias que trabalham com grãos de qualidade procuram oferecer o cafezinho preparado "à moda antiga". Em São Paulo, o Octávio Café serve café coado desde sua abertura. O Santo Grão e o Suplicy Cafés Especiais, também na capital, acabam de introduzir o filtro em suas lojas. "O café coado, fresco, é mais barato do que o espresso", além disso, cada momento do dia pede um café diferente. "O espresso é mais encorpado, enquanto o coado pode ser tomado em quantidades maiores", afirma Marco Suplicy, proprietário da casa "Suplicy Cafés Especiais", que há sete meses começou a serví-lo.

O café da manhã parece ser o momento ideal para o método de filtro. Tanto que os hotéis no Brasil começam a investir em equipamentos de alta tecnologia para servir com qualidade o principal item do desjejum. "A ideia destas cafeteiras é manter a consistência e a padronização do café filtrado", explica Luiz Salomão, representante na América do Sul da norte-americana Bunn, maior fabricante mundial de máquinas de café em filtro. Elas ajustam e controlam a temperatura e o volume da água, o tempo de seu contato com o pó, e, em alguns casos, mantém a temperatura da bebida pronta. Mais de 30 cafeterias e padarias de São Paulo já usam máquinas da marca que filtram grandes volumes e, para breve, devem chegar ao País as versões domésticas.


Outro fator importante na preferência pelo café filtrado é o gosto. "Os sabores básicos do café são mais perceptíveis em bebidas mais diluídas, como a filtrada, do que no espresso, mais concentrado", explica Ensei Neto, engenheiro químico e especialista em cafés. Há diferenças também quanto à cafeína. Além da espécie de café utilizada (os de qualidade, geralmente feitos com grãos da espécie arábica, têm metade da cafeína encontrada nos do tipo robusta), outros fatores relacionados ao método de preparo influenciam na extração dessa substância. "Pelo curto tempo de contato entre a água e o café e pela pouca quantidade de água usada no método espresso, nem toda a cafeína é dissolvida", explica Neto. Trocando em miúdos, cafés filtrados costumam ser mais leves, doces e com mais cafeína.

Para preparar um bom cafezinho, portanto, algumas dicas devem ser seguidas. A primeira é utilizar grãos de qualidade. Depois, prestar atenção à moagem do grão, que não pode ser nem muito grossa, para a água não passar rapidamente pelo pó, nem fina demais, para não entupir o filtro. "O ideal é uma moagem média-fina para filtros de papel", ensina Neto. Filtros de pano, que têm poros maiores, são mais indicados para cafés de moagem fina.

Outro parâmetro importante é a temperatura da água. Se muito baixa, deixa de extrair o máximo de sabor da bebida. "Uma dica é olhar no fundo da chaleira: quando surgirem bolhas grandes, a água está na temperatura certa", diz Neto. Vale, ainda, experimentar deixar o café esfriar um pouco na xícara ou num jarro de vidro, naturalmente. "Cafés de grande qualidade ficam mais gostosos quando mais frios, pois percebemos melhor seus sabores", explica Neto.


Dez dicas para um bom café coado

Use sempre água filtrada ou mineral

Não deixe a água ferver, pois a temperatura da água afeta a extração do café. Ela deve estar aquecida, e não ultrapassar 96ºC

Prepare sempre o café na hora de tomá-lo, evitando guardá-lo pronto

Utilize 5 ou 6 colheres de sopa para cada litro de água

Não aperte o pó de café dentro do filtro, e distribua-o uniformemente

Despeje um pouco de água para hidratar o café e expandi-lo. Depois, despeje-a aos poucos, de preferência nas bordas, o que movimenta o pó e permite uma extração mais uniforme

Se utilizar coador de pano, lave-o apenas com água

Guarde o pó de café na embalagem original e em recipiente hermeticamente fechado, para retardar o processo de oxidação

Despreze os últimos 5% da filtragem, onde a concentração de cafeína é maior e, portanto, torna o café mais amargo

Moa o café na hora, para melhor manter seus aromas





Fontes: Ensei Neto e Guia do barista, da Café Editora.

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