terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Máfia da Areia explora trabalho infantil e tira crianças da escola em Vila Velha



Reprodução TV Vitória
Além de agredir o Meio Ambiente e lesar o patrimônio da União, a Máfia da Areia, que extrai o mineral ilegalmente em um terreno do Exército Brasileiro, também ganha com a exploração do trabalho infantil. Crianças e adolescentes são a mão de obra de uma verdadeira cadeia de exploração e agem tranquilamente na área militar.

Adolescentes tiram do solo o mineral de uma área completamente devastada. Muitos deles aprendem o ofício cedo. Um menino de apenas 12 anos já trabalha como um adulto. Ele havia acabado de voltar do areal e se preparava para levar a encomenda ao cliente. Apesar de estar uniformizado, ele deixou a escola para trabalhar em Barramares.
Uma herança cultural passada de geração em geração. Apesar da pouca idade, a maioria dos jovens carroceiros sabe que a atividade é ilegal. Com naturalidade, a criança revelou a tática usada para driblar a escassa fiscalização. “Ali não pode entrar cedo não. Só de 14 horas até de noite. Dia de sábado e domingo pode entrar. Tem muita areia e um monte de gente. Tem muito carroceiro, é difícil fechar aquilo ali. Só se o exército ficar ali dia e noite, noite e dia”, disse o menino.
Um comerciante explicou a grande quantidade de crianças no local. “A maioria das crianças que estão aqui saiu da escola e começou a extrair areia junto com esses carroceiros porque criança não vai presa. Caso a polícia venha prender alguém, não vai para a cadeia”, comentou o homem que colaborou com a denúncia.
A construção de uma casa, assim como de qualquer obra, passa por vários processos e a areia está na maioria deles. Por isso existe tanto interesse comercial no areal de Barramares. No terreno é possível encontrar os três tipos de mineral necessários para uma obra completa: a areia grossa, a média e a fina.
Seguindo a trilha dos carroceiros, a equipe de reportagem entrou no areal. Numa jazida havia dez pessoas, entre elas seis menores de idade que extraiam o mineral dentro de um buraco que quase três metros de profundidade que foi aberto por eles mesmos.
“Algumas crianças são viciadas em drogas e uns já estão devendo à boca de fumo e os carroceiros que tem envolvimento com o tráfico de drogas no bairro colocam as crianças para puxar areia para pagar a dívida com o tráfico e não matarem as crianças”, disse o denunciante.
Em outro flagrante, mas desta vez, tarde da noite, algumas crianças brincavam com bolas ao lado de montes de areia. Elas haviam acabado de voltar do terreno do exército com o pai. A participação das crianças nesse processo tem outro interesse. Elas atuam como vigilantes. “Elas vêm, bagunçam aqui, mas não deixam carroceiro nenhum roubar. Acabam me ajudando”, afirmou o pai.
A denúncia foi levada ao Ministério Público Estadual. A Promotoria de Justiça e da Juventude de Vila Velha afirmou que, ao saber do esquema de exploração de areia na área militar, que envolve crianças e adolescentes, comunicou à Superintendência da Polícia Federal.
A assessoria de comunicação da Polícia Federal informou que cabe ao exército instaurar inquérito, já que se trata de uma área militar. Já o Exército disse através de nota que o areal de Barramares é chamado de Campo de Instrução General Sampaio, uma área da União, e que realiza fiscalizações. Disse ainda que repara cercas e faz a apreensão de invasores. O 38º Batalhão de Infantaria ressaltou que estuda uma possibilidade de instalar uma guarda fixa no local. O plano não tem previsão porque suas tropas estão ajudando a força pacificadora no Rio de Janeiro.
Enquanto isso, crianças e adolescentes continuam sendo explorados. Jovens reféns do areal de Barramares.



Fonte:  TV Vitória
Redação Folha Vitória


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